segunda-feira, 29 de março de 2010

Umas palavrinhas...

A partida está dada para a temporada de 2010 de DH, começa a corrida pelos lugares cimeiros nas classes em disputa.
Começo por dar os parabens á organização pelo excelente trabalho (ja dei pessoalmente) e á ACA pela sua excelente supervisão e controlo de prova.
Um abraço especial e os meus parabens à equipa do St. Clara em especial ao João Azevedo pela vitória por equipes, resultado do excelente trabalho realizado. Foi preciso este clube fazer DH para ganhar alguma coisa este ano (pelo menos no ciclismo).
Desportivamente o ano promete, principalmente na classe veteranos, aquela que tem mais atletas e com certeza no próximo evento vai "pegar fogo".
Mais mornas estão as coisas nos outros escalões devido ao seu reduzido número de participantes, acho mal os sub23 não pontuarem com os elites. Desportivamente poderiamos ter facilmente 5 ou mais atletas em disputa pela classe. O resto dos escalões, acho que já conheceram melhores dias em termos de participação. Pela lógica popular, o DH atrai os mais novos, então por que razão existem tão poucos participantes a nível dos cadetes e juniores?
Se não fossem os "velhadas" a correr, este circuito estava condenado a meia duzia de almas.
Gostaria de deixar uma nota de agradecimento e incentivo a todos aqueles que registaram a prova quer em video quer em fotografia.
Uma nota bem negativa para os restantes "bikes blogs e chats" que nem uma menção ou comentário fizeram a este evento.

11 comentários:

Joao Pacheco disse...

Cadetes e Juniores = Menores de 18 anos = Não ter carta de condução nem receber ordenado no final do mês = Dificuldades para adquirir bicicletas de downhill, equipamentos (capacete,colete,caneleiras etc), ter dificuldades em pagar a federação caso o clube não pague, ter muitas dificuldades nas deslocações pois tanto para treinar como para ir às provas temos que estar dependentes de outras pessoas que têm carta, carro e espaço para podermos ir. E por fim ao contrário do que se vê no Continente por exemplo a promoção só para maiores de 18anos o que dificulta a aproximação dos mais novos à modalidade.

Isto é apenas o meu ponto de vista.

melo disse...

A tua resposta à questão colocada no post é pertinente e merece uma reflexão. Acho que está aberto o debate!

RJG disse...

Mais uma vez o joão pacheco surpreende pela positiva, mostrando que é dos poucos atletas da idade dele que para além de saber escrever, também sabe o que diz, ao contrario de alguns que não dizem nada de jeito e quando o fazem só o fazem na chat e anónimos. Quanto há questão dos "bikes blogs", já não é de agora que o DH é tratado como a ovelha negra do ciclismo, tanto pelos blogs mais antigos como pelos blogs que todos os anos aparecem e rapidamente estagnam, fazer um blog é facil, mante-lo em movimento é que já é outra conversa. Nesta prova verificou-se muito pouca adesão do publico, o que se compreende devido ao tempo e as condições das estradas, tanto a sul que estava cortada como a do lado norte que esta em obras, no entanto acho que é mais facil encontrar pessoal do DH a assistir as provas de XC do que o contrario...

Anónimo disse...

Este tema passa-me um bocado ao lado, já que não sou interveniente nem o maior entusiasta da modalidade em questão, mas não me escuso de comentar quando acho que o devo fazer.

Pelo que vi no seu perfil, o João Pacheco tem 17 anos. Só pelo facto de escrever português correctamente, sem "kapas" e abreviaturas, já é de saudar!

Depois, o seu comentário pelo conteúdo faz todo o sentido e reflecte a realidade.

De facto, nem todos têm pais com disponibilidade para estarem a despender verbas elevadas que comporta o material desta vertente mais radical do ciclismo e com tempo e disposição para estarem a acompanhar os filhos nos treinos, reconhecimentos, provas, etc.

Se pelas suas características, o DH é uma modalidade que se adequa à irreverência da juventude, por outro vê-se privada desta mesma juventude, pelas razões de falta de independência e autonomia referidas.

Outra razão poderá haver, mas concordo com esta perspectiva do João e com a opinião do Melo quando diz que a mesma merece reflexão.

Relativamente aos blogs, de facto, são muito bonitos, mas a euforia inicial motivada pelo “feed-back” rapidamente se transforma em chatice quando temos de ter alguma dinâmica para manter vivo o interesse e a actualidade dos mesmos, com a audiência e a sua participação a baixar progressivamente. É o comodismo a entrar em ciclo vicioso.

Apesar de já ter feito alguns apontamentos sobre DH, o meu MOTARTE não é definitivamente um “bike blog”, aliás, já nem é o “moto blog” que era, mas sim cada vez mais um reflexo da minha vida e dos meus gostos...

De qualquer forma, também lamento que naqueles dedicados exclusivamente ao ciclismo, o DH não tenha a projecção, que obviamente merece!

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
jormed disse...

O João sempre mostrou ser um rapaz "atinado"... lol

A questão dos custos é muito pertinente... o DH é uma modalidade dispendiosa e acredito que alguns pais tenham dificuldade em investir tanto, para mais quando nas idades mais "tenras", as coisas passam de moda de um momento para o outro... num dia o ciclismo (DH) é tudo e no outro dia é uma seca dos diabos.

É inegável que muitos pais investiram forte e feio em máquinas para os filhos correrem em DH nos últimos anos (poderia enumerar inúmeros casos) e passados poucos meses vemos os filhos a vender as bikes às peças para fazerem, uns trocos para outros vícios que entretanto surgem... A vida de pai é dura... lol.

Quanto às licenças, e o valor das mesmas, não julgo que seja um factor de desmotivação para a sua obtenção. No NC, foram muito poucos os casos de Cadetes e Juniores que não tiveram as licenças pagas durante estes anos. Esse tem sido um princípio que tem sido levado a cabo no clube desde sempre... chegamos inclusive a pagar licenças desportivas a atletas que só fizeram uma prova por ano... é obra.

Além disso os valores das mesmas são bem menos elevados que nos seniores. Se se justifica a obtenção da licença nos seniores, muito mais nos menores de 18 anos, para mais numa vertente que (em teoria) envolve riscos maiores. Enquanto assumi a responsabilidade da organização, não quis correr riscos a esse nível e foram raros os casos em que menores de 18 anos correram na promoção. Este ano a organização pediu-me o conselho acerca do assunto e dei a minha opinião.

É que é tudo muito bonito quando as coisas correm bem, mas no caso de acidente com um menor (e sem a licença desportiva), as coisas podem ter tendência a complicar-se. Essa decisão, de permitir ou não a participação de menores de 18 anos na promoção, caberá sempre ao organizador e da sua vontade de assumir ou não os riscos dai inerentes. Eu nunca os quis assumir, mas isso não impede que outros o queiram fazer.

Finalmente a questão da notícia noutros blogs e afins… No site da ACA irá ser feita uma notícia do evento, no entanto aguardo os resultados definitivos dos comissários, nomeadamente com a classificação por equipas. No site do NC idem.

DjSousa disse...

Isto faz-me lembrar um pouco quanto tinha os meus 14 anos e vivia uma aventura no futebol, mais precisamente nos juvenis do Operário. Fiz só uma época porque não tive quem me incentivasse e quiçá meus pais não me deram... e até dava uns toques :P

Isto para dizer que compreendo a consternação por parte do João Pacheco, no entanto vivemos em tempos diferentes em que, como o Jorge diz e muito bem, "as coisas passam de moda de um momento para o outro... num dia o ciclismo (DH) é tudo e no outro dia é uma seca dos diabos".

Os tempos são outros e, apesar das dificuldades, consegue-se arranjar sempre uns trocos para ver um filho feliz, mesmo com algum sacrifício. O pior vem depois, não há acompanhamento, nem desenvolvimento pelas razões já descritas por vocês todos.

Eu, que não vivo no coração do ciclismo, desconheço de certa forma as dificuldades que cada Clube tem no dia-a-dia, mas não serão um pouco responsáveis pelo défice de jovens nesta modalidade?

Não terão os clubes uma cota parte no incentivo em captar a malta jovem?

Pergunto isso porque à semelhança do que acontece no XC, viu-se um crescimento neste sentido, com a criação de Escolas de Formação... não se poderá implementar o mesmo para o DH?

Seria muito engraçado ver esses "velhos" (passo a expressão) do TL a ensinar a putos as técnicas e a "ler" os trilhos, a vê-los crescer e a irem aos campeonatos nacionais... ou isso é só para os cá estão agora?

Bem pessoal a conversa já vai longa e se calhar não disse nada de jeito, mas o que vale é a intenção, né?

Termino este desabafo dando os parabéns a todos os que participaram na prova e principalmente aos que têm tido o trabalho de fazer trilhos novos... merecem uma salva de palmas.

Abraço.

jormed disse...

"Não terão os clubes uma cota parte no incentivo em captar a malta jovem?"

Esté é uma pergunta mesmo pertinente. Para mim, a resposta é SIM!

Temos um défice de clubes. É incomportável um clube ter 20-30 ou mais atletas... não se consegue dar a devida atenção a todos.

Na minha opinião deviam existir mais clubes e os atletas deveriam "dividir-se" um pouco mais. Isso traria mais competição e porventura mais atletas ainda.
Veja-se o caso de São Roque. Equipa nova e com montes de novos praticantes.

Se surgissem mais equipas desta forma teriamos muitas mais caras novas.

Depois como menos atletas por clube, seria possível aos responsáveis de cada clube um melhor acompanhamento dos seus atletas.

No NC esse foi sempre uma das grandes dificuldades, para além de ser o clube que tem diversas responsabilidades organizativas.

O Luís Azevedo e o João Pacheco já se queixaram disso mesmo no NC... falta de atenção em relação ao pessoal mais novo, sobretudo no DH. E têm toda a razão... mas a verdade é que o tempo não estica...

As questões aqui levantadas merecem sem dúvida reflexão.

Anónimo disse...

Pois, as modas!!!

Os "miúdos" são cada vez mais permeáveis e são levados e trazidos pelas "ondas" com uma facilidade incrível...

É o DH, é isto, é aquilo...
Depois... depois lá vem o braço invisível do comodismo puxar-lhes para trás de um comando de uma Playstation 3...

melo disse...

Eu continuo com a minha opinião.
Começar pelo xc, competir no xc e depois especializar-se no DH ou .
E porquê?
Porque para além da componenente física, existe a aquisição da componente técnica e quando o jovem chegar a cadete já tem vivências competitivas e vivências a nível da psicomotricicdade do ciclismo.

Esta modalidade não é equiparável ao futebol, em que o clube dá a carrinha para transporte, as botas, pagas as federações, etc.

Aqui o praticante tem de adquirir o seu equipamento e ter o apoio dos pais ou ter amigos mais velhos que o levem.

Se assim não for, a unica maneira de treinar é directamente nos eventos em que a organização disponibiliza transporte para as descidas.

Como no continente existem provas todos os fins de semana é logico que as oportunidades para treinar e evoluir são maiores.

Quanto a clubes de DH a ideia é boa mas utópica, o pessoal mais velho trabalha a semana toda e ao fim de semana quer descontrair. Assumir responsabilidade de dar treinos e levar miudos para as nossas voltas, ainda não está nos meus planos.
Nunca me recusei a ajudar ou a aconselhar ninguém no DH. Contudo a experiência diz-me que logo no início o jovém iniciante é aberto a sugestões, presta atenção ao que se diz, passado um ano ou dois já são nuns doutores sabichões, sabem tudo sobre tudo...não tenho paciência. É um problema nesta modalidade, não perguntem porquê, mas tem haver com o ego e o super ego,..só pode.

Para finalizar reconheço que era muito bom para a modalidade ter maiscadetes e juniores mas á que dar tempo ao tempo. Acho que a estratégia passa por nunca deixar morrer as provas e os campeonatos para aqueles que estão a começar no xc daqui a uns anos terem a hipotese de experimentar o DH.

Anónimo disse...

Bom, não queria estar a generalizar esta questão específica da ausência dos jovens no DH, mas mesmo levando em linha de conta todos os válidos argumentos aqui expostos, que surgiram na sequência do comentário do João Pacheco, julgo que estamos perante um Problema Social, questão reforçada através do comentário do Melo.

De facto, as crianças e os jovens, as suas atitudes, o seu lugar e a sua educação nesta nossa sociedade de consumo, são dos maiores desafios da actualidade...

Se é certo que a base de uma estrutura sólida, parte de casa e da família (embora muitos pais achem que não!), a escola, os clubes desportivos, etc., também terão uma palavra a dizer...